Tecnologia

Psicólogos utilizam IA no trabalho: benefícios e riscos envolvidos

Inteligência Artificial na Psicologia: Uso e Desafios Éticos

A crescente adoção de ferramentas de inteligência artificial (IA) entre psicólogos traz novas possibilidades para a prática clínica, mas também levanta questões éticas e legais. Especialistas discutem como esses recursos, que vão desde transcrições automáticas de sessões até sugestões de abordagens terapêuticas, podem influenciar a relação entre terapeutas e pacientes.

Ferramentas de IA: Auxílio ou Substituição?

A presença de chatbots na terapia gera controvérsias, mas a utilização de IA por psicólogos se mostra uma realidade em crescimento. Plataformas como PsicoAI e PsiDigital oferecem suporte na transcrição de sessões e na elaboração de relatórios, prometendo otimizar o tempo dos profissionais. No entanto, a preocupação é que a tecnologia não substitua o papel humano no processo terapêutico.

Dados de uma pesquisa informal realizada pela BBC News Brasil revelam que, entre 50 psicólogos, 10 confirmaram o uso de alguma ferramenta de IA para tarefas administrativas relacionadas à terapia. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) já reconheceu a presença da IA no cotidiano da profissão, destacando a importância de uma supervisão crítica e discernimento ético.

Casos Práticos: Uso Responsável da Tecnologia

A psicóloga Maísa Brum implementou um gravador com IA para transcrever entrevistas com os pacientes. Todos são informados e assinam um termo de autorização antes da gravação. Para Brum, a tecnologia facilita sua rotina, mas não substitui o pensamento crítico necessário na prática clínica.

Eduardo Araújo, também psicólogo, utiliza a IA principalmente para análise de dados em pesquisas, ressaltando que nunca deve ser empregada para formular diagnósticos. A velocidade das respostas da IA pode criar uma falsa segurança em ambientes que exigem reflexão e precisão, levantando alarmes sobre a utilização inadequada dessas ferramentas.

Questões Éticas: Consentimento e Privacidade

O psiquiatra Rodrigo Martins Leite destaca que o uso da IA demanda rigoroso consentimento do paciente, especialmente para proteger informações sensíveis. As plataformas de IA, como a Psidigital, asseguram que informações gravações são apagadas após cada sessão, mas a responsabilidade pelo uso ético da tecnologia recai sobre o terapeuta.

Carolina Roseiro, conselheira do CFP, ressalta que o profissional deve assumir a responsabilidade total pelo uso de qualquer ferramenta de IA, advertindo que a mediação humana continua sendo indispensável na prática clínica. Para ela, as tecnologias não precisam ser vilanizadas, mas requerem que os profissionais estejam bem informados sobre suas limitações e riscos.

O Futuro da Psicologia com IA

Embora a incorporação de IA na psicologia venha para auxiliar, não se deve cair na armadilha de confundi-la com a substituição do profissional. A formação e a experiência humana continuam essenciais para um tratamento eficaz e ético. Dessa forma, o desafio é encontrar um equilíbrio que permita ao psicólogo tirar proveito da tecnologia sem abrir mão da essência humana que define a terapia.

Com informações de: BBC News Brasil.

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