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Influenciadores conquistam fama ao mostrar animais selvagens como pets

Apreensão de Animais Silvestres Gera Debates nas Redes Sociais

O Caso da Capivara Filó

O influenciador digital Agenor Tupinambá ganhou notoriedade em 2023 após o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreender a capivara Filó, que ele criava como animal de estimação. A ação do Ibama ocorreu sob a alegação de que o animal estava sendo exibido de forma inadequada nas redes sociais e criado em condições impróprias.

Tupinambá contestou a apreensão e, em decisão judicial, conseguiu a guarda da capivara. O juiz destacou que Filó "vive em perfeita e respeitosa simbiose com a floresta", assegurando que a convivência ao lado do influenciador não prejudicava o animal.

Crescimento nas Redes Sociais

Desde o incidente, Agenor viu sua popularidade crescer. Atualmente, ele conta com 1,7 milhão de seguidores no Instagram e 1,8 milhão no TikTok, um aumento significativo em comparação ao número de fãs que possuía durante a multa aplicada pelo Ibama. O influenciador abandonou a graduação em agronomia e se mudou para o interior do Amazonas, onde trabalha exclusivamente com conteúdo para a internet e publicidade.

Apesar da ascensão, Agenor informou que não monetiza diretamente as postagens com Filó. Ele se defendeu das críticas após assinar um contrato com um site de apostas, afirmando que não utiliza a capivara em suas campanhas publicitárias.

Mensagens Distorcidas nas Redes

O caso da Filó se desdobrou em uma reflexão mais ampla sobre a exploração de animais silvestres em plataformas digitais. Um levantamento realizado pela BBC News Brasil revelou que o Ibama aplicou pelo menos 175 multas nos últimos anos, muitas delas relacionadas à exposição indevida de animais em redes sociais. Este número evidencia a crescente preocupação das autoridades ambientais quanto à influência negativa que essas práticas podem causar.

Bruno Campos Ramos, agente do Ibama, alertou que o aumento da visibilidade de animais silvestres nos perfis de influenciadores gera uma demanda por animais silvestres, fomentando o tráfico. Casos semelhantes, como o da modelo Nicole Bahls, que teve filhotes de macaco-prego apreendidos, mostram que a regularização documental nem sempre é respeitada.

Reerguendo Animais Apreendidos

Casos de apreensão como o da jaguatirica Pituca, que pertencia à influenciadora Luciene Candido, evidenciam a resistência de usuários que defendem que seus animais estão bem cuidados. O Ibama destacou que Pituca apresentava graves problemas de saúde, mas muitos seguidores da influenciadora contestaram a ação da instituição nas redes sociais, gerando repercussões negativas aos agentes.

Funcionários do Ibama relataram receber ameaças após a cobertura do caso, refletindo a polarização que essa temática gera nas redes sociais.

O Papel das Redes Sociais

Estudos recentes ressaltam a conexão entre a popularidade de vídeos com animais silvestres e o aumento do tráfico. Antônio Carvalho, especialista em conservação, observou que a busca por conteúdos virais que envolvem animais frequentemente ignora as consequências éticas e ambientais.

Plataformas como YouTube e Instagram reiteram suas políticas de proibição de conteúdo que implique maus-tratos a animais, mas a preocupação persiste quanto ao uso indevido da imagem de espécies silvestres por influenciadores, um sinal da necessidade de maior conscientização sobre a fauna e suas necessidades.

Com informações de: BBC News Brasil.

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