Ex-comandante do Exército afirma que ministros decidiram não prender golpistas em 8 de janeiro

Ex-Comandante do Exército Depõe em Caso de Golpe de Estado
Júlio César de Arruda fala sobre decisão de não prender acampados
Na última quinta-feira (22), o ex-comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, depôs como testemunha de defesa do tenente-coronel Mauro Cid e do ex-presidente Jair Bolsonaro. O depoimento ocorreu em um processo que investiga a tentativa de golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro.
Impedimento de Ordem Judicial
Durante seu depoimento, Arruda foi interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, a respeito de sua decisão de não cumprir imediatamente a ordem de prisão de manifestantes acampados em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília. De acordo com o general, sua intenção foi evitar uma escalada de tensão na situação.
Ele relatou um incidente em que o então comandante da Polícia Militar do DF, Fábio Augusto Vieira, foi impedido de retirar os acampados. Em sua abordagem, Arruda afirmou ter avisado Vieira sobre a superioridade numérica de sua tropa.
Coordenação com o Governo
Arruda mencionou que discutiu a situação com ministros do governo Lula, incluindo Flávio Dino (Justiça), Rui Costa (Casa Civil) e José Múcio (Defesa). Segundo ele, a estratégia foi definida em conjunto para agir de forma coordenada e pacífica, evitando mortes durante o processo.
"O clima estava nervoso, e minha função era acalmar. Precisávamos avançar com cautela", disse Arruda, ressaltando que a ação foi concluída sem incidentes graves.
Declarações e Comentários
Durante o depoimento, o general evitou abordar tópicos delicados, utilizando frequentemente a expressão "não lembro". Em relação à sua demissão no início do governo Lula, ele alegou que a responsabilidade de explicar essa decisão não era sua.
No que tange ao processo de transição entre os governos Bolsonaro e Lula, Arruda afirmou que tudo ocorreu normalmente.
Respostas a Acusações
Questionado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, sobre ter impedido a entrada da polícia no acampamento, o general negou tal acusação. De acordo com Arruda, sua presença no QG foi imediata, e ele estava lá para coordenar as ações em resposta aos acontecimentos da época.
"Coordenei os acontecimentos em contato com o ministro da Defesa e outros oficiais. A ordem de prender os manifestantes deveria ser tratada de forma cuidadosa", concluiu Arruda.
Com informações de: G1