Especialista alerta: algoritmo confunde afeto e exploração em fotos de crianças

Câmara Aprova Projeto de Lei contra a "Adultização" de Crianças em Redes Sociais
Na última quarta-feira (20), a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que visa combater a "adultização" de crianças e adolescentes nas redes sociais. A discussão sobre o tema ganhou notoriedade após a divulgação de um vídeo do youtuber Felca, que denunciou a exploração digital de menores. Especialistas alertam que a exposição de imagens de crianças e adolescentes pode representar perigos significativos.
A Periculosidade da Exposição Online
De acordo com a psicóloga Nay Macedo, especialista em proteção infanto-juvenil na era digital, há um entendimento crescente sobre os riscos associados à publicação de imagens de crianças. Em entrevista ao podcast "O Assunto", Nay salientou que muitas pessoas, incluindo familiares e amigos, compartilham essas imagens com boas intenções, mas os algoritmos das redes sociais não fazem distinção entre afeto e exploração. “O algoritmo só vê engajamento, então ele distribui mais para quem interage mais, inclusive para predadores e violadores”, alertou a especialista.
O Impacto do Conteúdo Autogerado
Durante a conversa com o apresentador Victor Boyadjian, Nay Macedo explicou que grande parte do material usado na exploração sexual infantil é "conteúdo autogerado", ou seja, imagens e informações publicadas pelos próprios usuários, incluindo familiares de menores. Esses conteúdos, especialmente quando compartilhados em perfis abertos, podem ser acessados por qualquer pessoa, tornando crianças e adolescentes vulneráveis a criminosos.
Conscientização e Recomendações de Segurança
Diante de um cenário tão preocupante, a psicóloga enfatiza a importância da conscientização. Embora muitos postem conteúdo com boas intenções, é essencial compreender os riscos e buscar formas de minimizá-los. Nay Macedo listou algumas recomendações para os pais e responsáveis:
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Consciência sobre a Exposição: Antes de postar, é vital entender que a exposição online não é completamente segura, mesmo em perfis fechados.
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Manutenção de Perfis Fechados: Aceitar apenas contatos conhecidos, embora muitos agressores sejam familiarizados com as vítimas.
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Cuidado com Informações Sensíveis: Evitar compartilhar fotos que revelam uniformes escolares ou informações de localização que possam ajudar na identificação e rastreamento das crianças.
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Respeito à Vontade dos Menores: À medida que as crianças crescem, é fundamental explicar a elas sobre o direito que têm de opinar sobre a própria imagem e respeitar suas decisões sobre a exposição.
- Alternativas Seguras: Utilizar métodos mais seguros para compartilhamento, como álbuns digitais fechados, mensagens diretas ou chamadas de vídeo.
O debate sobre a proteção da imagem das crianças nas redes sociais é mais relevante do que nunca, especialmente diante do aumento das denúncias de exploração sexual na internet.
Implicações do Projeto de Lei
A aprovação do projeto de lei não é apenas uma reação a casos individuais, mas um passo significativo em direção à proteção da infância no meio digital. Com a legislação, espera-se aumentar a conscientização sobre a responsabilidade dos adultos na vigilância da atividade online de crianças e adolescentes.
Com informações de: G1.



