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Apple pressiona China na disputa com os EUA pela liderança tecnológica

A Ascensão da Indústria Tecnológica Chinesa e Seus Impactos

Um recente relatório do jornal japonês Nikkei Asia revela que 87% dos fornecedores da Apple possuem fábricas na China. Este dado reflete uma mudança significativa nas dinâmicas da fabricação global, especialmente no setor de tecnologia, onde as empresas americanas, como a Apple, têm sido tanto beneficiadas quanto desafiadas pela capacidade industrial chinesa.

Fabricar na China: Uma Estratégia de Sucesso?

Historicamente, a produção na China tem sido vista como uma estratégia de otimização de custos para gigantes como a Apple. Com mão de obra mais barata, as empresas americanas conseguiram aumentar sua margem de lucro. No entanto, essa relação simbiôntica teve implicações inesperadas, permitindo que a China desenvolvesse suas próprias capacidades industriais, tecnológicas e de inovação.

Kyle Chan, pesquisador em pós-doutorado da Universidade de Princeton, aponta que o governo chinês adotou uma abordagem deliberada para atrair empresas como a Apple, exigindo um retorno em termos de desenvolvimento econômico. “Não é apenas uma questão de vir aqui e lucrar”, destaca Chan.

O Deslocamento do Centro Tecnológico

Os especialistas alertam que o equilíbrio do poder industrial global está mudando. As inovações não são mais exclusividade dos Estados Unidos. Han Shen Lin, diretor da consultoria The Asia Group, observa que “não se trata mais de uma corrida com um só cavalo”, enfatizando a competição crescente em todos os setores.

Patrick McGee, autor do livro “Apple in China: The Capture of the World’s Greatest Company”, revela que a dependência da Apple em fornecedores chineses não apenas garantiu lucros, mas também catalisou o desenvolvimento das habilidades de fabricação na China. De acordo com McGee, esse processo transformou a China em uma força não apenas fornecedora, mas também inovadora.

A Profundidade da Dependência

Apesar das tentativas da Apple de diversificar suas cadeias de fornecimento, a empresa ainda depende fortemente de fábricas chinesas. Muitos trabalhadores ganham entre US$ 1 e US$ 2 (cerca de R$ 5,45 a R$ 10,90) por hora, o que reforça a atratividade da produção na China. No entanto, essa relação de dependência levanta preocupações sobre a vulnerabilidade da Apple a possíveis tensões geopolíticas.

Artigos recentes destacam que o governo chinês poderia interromper a produção da Apple a qualquer momento, dado seu poder sobre a indústria.

A Educação e Inovação Tecnológica

O impacto da colaboração entre empresas americanas e chinesas é visível no crescimento de gigantes tecnológicos na China, como Huawei e Xiaomi. Com investimentos significativos em pesquisa e desenvolvimento, essas empresas começaram a competir em igualdade com as ocidentais em áreas como inteligência artificial e dispositivos móveis.

O setor de inteligência artificial ilustra essa corrida tecnológica. Embora os EUA sejam reconhecidos pela liderança com modelos como o ChatGPT, o lançamento do chatbot chinês DeepSeek, com custos significativamente menores, demonstrou que a China está rapidamente alcançando a paridade tecnológica.

Desafios e Oportunidades Futuras

Embora a China continue avançando, existem riscos associados à tentativa de se isolar em um mercado de inovação global. A competição interna feroz possibilita a emergência de empresas competitivas, enquanto a vasta população e a coleta de dados aceleram a busca por inovações. Entretanto, a falta de colaboração internacional pode limitar o impacto global da tecnologia chinesa.

Han Shen Lin ressalta que, embora a China eleve seus padrões, a aceitação internacional é crucial para evitar o isolamento tecnológico. Para isso, o país busca fortalecer suas alianças globais por meio de iniciativas como a Cinturão e Rota.

A corrida tecnológica entre os Estados Unidos e a China é complexa e multifacetada, indicando que o futuro da indústria tecnológica continuará a ser um campo de disputas acirradas.

Com informações de: BBC News

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