Analistas alertam sobre a ‘bolha’ da inteligência artificial iminente

Debate sobre Bolha no Setor de Inteligência Artificial Movimenta o Vale do Silício
A recente conferência DevDay, realizada pela OpenAI, trouxe à tona questões significativas sobre a valorização das empresas de inteligência artificial (IA). O CEO e cofundador da OpenAI, Sam Altman, surpreendeu ao comentar sobre a possibilidade de uma bolha no setor, afirmando que certos segmentos da IA "estão meio inflacionados". Esta declaração se soma ao crescente debate no Vale do Silício sobre a viabilidade e sustentabilidade do mercado de IA.
Cenário de Incerteza em IA
As preocupações sobre uma potencial bolha no mercado de IA não são exclusivas de Altman. O Banco da Inglaterra, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, expressaram inquietude em relação à supervalorização das empresas do setor. Dimon enfatizou que o "nível de incerteza deveria estar mais presente na mente da maioria das pessoas", refletindo preocupações comuns entre investidores.
Durante uma discussão no Museu da História do Computador, o especialista em IA Jerry Kaplan alertou para os riscos, citando sua experiência em crises anteriores. Ele afirmou que a quantidade significativa de capital investido em IA pode resultar em uma crise ainda mais severa do que a bolha das empresas "ponto com" dos anos 90, que teve repercussões amplas na economia.
O Crescimento Exponencial da IA
Embora as preocupações sobre uma bolha sejam válidas, especialistas também apontam para oportunidades. A professora Anat Admati, da Stanford Graduate School of Business, destaca que prever uma bolha é complicado e só é possível reconhecê-la após seu colapso. Neste ano, as empresas de IA geraram 80% dos ganhos da Bolsa americana, enquanto a Gartner prevê que os gastos globais com IA atinjam US$ 1,5 trilhão até 2025.
A OpenAI, conhecida pelo popular ChatGPT, está envolvida em um emaranhado de acordos financeiros que levantam questões sobre a percepção do mercado. Em setembro, a empresa firmou um contrato de US$ 100 bilhões com a Nvidia, além de um recente anúncio de compra de equipamentos de bilhões de dólares da AMD, gerando discussões sobre a saúde financeira do setor.
Estruturas Complexas e Preocupações Ambientais
As relações financeiras entre empresas de IA, como a OpenAI e a Nvidia, têm gerado críticas, sendo descritas por alguns como "financiamento circular". Altman reconheceu que, embora os empréstimos de investimento sejam incomuns, as empresas estão experimentando um crescimento de receita sem precedentes, apesar de ainda não terem registrado lucros.
Kaplan também advertiu sobre os riscos ecológicos relacionados à construção de enormes data centers, cuja capacidade de energia se assemelha ao consumo de grandes cidades. Atualmente, existem 162 data centers no Brasil, e a demanda de energia para esses centros é projetada para aumentar drasticamente na próxima década.
O Futuro da Inteligência Artificial
Embora alguns acreditem que os investimentos na infraestrutura de IA possam não se perder, a preocupação sobre a sustentabilidade desse crescimento é válida. Especialistas como Jeff Boudier, da Hugging Face, lembram que a inovação muitas vezes surge de períodos de investimento excessivo. Entretanto, a questão que permanece é se o capital disponível para apoiar as ambições das companhias de IA está se esgotando.
Rihard Jarc, fundador da newsletter UncoverAlpha, conclui que, atualmente, a Nvidia se destaca como um dos poucos investidores capazes de realizar aportes significativos, questionando quem mais teria essa capacidade no futuro.
Com informações de: G1